28 outubro 2006

insónia

ter sono e não adormecer

noites,
outras assim,
a embalar,
iguais,
outros ais !

e outros ainda há-de haver
a entoar ecos no cais
a escalar falésias e vendavais
até a última estrela se esconder.

26 outubro 2006

sem princípio e sem fim

devolve-me a pele que te sentiu
cada momento que nos uniu.

Não estou só.
Tenho comigo os braços que te abraçaram
as mãos que te acariciaram.
Na boca trago o calor dos teus beijos.
No corpo, possuído, fortes desejos.

Não estou só.
Aconteces dentro de mim
sem princípio e sem fim.

23 outubro 2006


cavalga coração
entre realidades e miragens
dono de longas viagens
sob o sol quente da emoção.
A galope numa canção
inala aromas selvagens
inflama doces aragens
solta as alas da conspiração.
Mantém chamas acesas
dilacera-te em defesas
rasga lapsos, quebra algemas.
E quando o teu próprio sangue abraçares
derrama-o pelos ares.
Há-de a Terra brotar poemas.

17 outubro 2006

Porto Santo












Esta noite conta-me a estória de Icaro para eu adormecer.
A lua não me há-de roubar as asas.

15 outubro 2006















na noite aberta
uma lágrima diferente
que tu não viste
no teu corpo quente
presente e ausente
no meu arrepio.
Doce-amargo desafio
na manhã consciente
de sedes diferentes
com que me debatia.

Hera em pedra de outro lugar
serei.

Meu poema nunca acabado
serás.

12 outubro 2006